Cidade do Mexico - 1

1o. dia – Cidade do México

Depois de uma noite de sono mal dormida na classe econômica da AeroMexico (ai que inveja da suíte individual da Carrie Bradshaw indo para Abu Dhabi !! Rs…), chegamos na Cidade do México ainda bem cedo, 8 da manha. A tempo de pegar a cidade ainda acordando, comércio fechado e trânsito ainda beem tranquilo.

Depois de negociar 50% de desconto na corrida do taxi, chegamos no Hostel Amigo localizado no Centro Histórico, segundo o guia Hostelworld o albergue #1 de Mex City. Logo na recepçao, a fama se confirmou: o local tem uma decoracao kitsch, quarto um tanto quanto digamos, "espartano", e banheiro compartido no mínimo justo. Porém, o staff mais simpático que eu já vi, um café-da-manha beem gostoso, atmosfera descontraída e ao mesmo tempo respeitosa, internet gratuita 24hs, free tours e no momento estou ouvindo Kings of Leon enquanto a galera se socializa no bar cheio de bandeiras e notas de moeda de milhares de países. Daqui consigo ouvir uns 4 idiomas diferentes se soltando ao ritmo de Coronas e Buds...é, acho que acertamos o lugar!!! :)

Um banho rápido, e um café da manha mais rápido ainda, partimos no tour das 10hs com o guia Alejandro para conhecer o bosque de Chapultepec e o Museu Antropológico. Este último, uma experiência incrível!! Tanto pela arquitetura do local, como pelas exposiçoes que tem la, e ainda mais pela aula de cultura e história mexicana que o Alejandro nos deu. Visitamos as salas das civilizaçoes teotihuacana, mexica (azteca) e maia, e mais váaarias outras civilizaçoes clássicas e pré-clássicas que floresceram no México tempos atrás. Tivemos várias conversas interessantes sobre como a religiao permeava quase todos os aspectos da vida dessas civilizaçoes (até o jogo de pelota, esporte praticado por quase todas elas, no qual o vencedor era sacrificado aos deuses como oferenda. Ainda bem que essa moda nao pegou no handball...rs...). Também sobre como os aztecas acreditavam que o conquistador espanhol Hernan Cortés foi confundido com o retorno do deus-serpente Quetzacoatl, o que lhe deu pequena.vantagem ao desembarcar por aqui e iniciar a conquista dessa civilizaçao incrivel. Agradeça aos aztecas pelo chocolate, foram eles que introduziram o costume de beber "água amarga", com graos de cacau, que em algum momento evolui até chegar no ponto mais alto da sua evoluçao: o Milka Avela. E como os maias (gente del maïs - povo do milho) eram infinitamente organizados, cultos e inteligentes, trouxeram várias evoluçoes para a astronomia, medicina, matemática, agricultura...e deram um jeito de sobreviver até hoje, com descendentes no sul do México e na Guatemala, que preservam sua lingua e tradicoes. Os Zapatistas, por sinal, sao maias...
Ao contrário dos incas, que foram praticamente aniquilados pelos espanhóis e hoje seus descendentes vivem um presente que em nada se assemelha ao seu passado glorioso, transformados na camada pobre da populaçao peruana (por exemplo, os porteadores que carregavam nossa bagagem na triha inca...), os astecas e maias deram um jeito de deixar seus descendentes em uma situaçao um pouco mais confortável: os colonizadores espanhóis, para conquistar as cidades-estado, se casavam com as filhas dos imperadores das tribos, fazendo assim uma aliança que garantia a proteçao da tribo por um lado, e a fácil aceitaçao dos colonizadores por outro. Uma situaçao ganha-ganha, que permitiu a perpeituidade dessas culturas que eram respeitadas e incorporadas à cultura dos europeus.
A religiao dessas civilizaçoes era fascinante, sempre demonstrando que a vida é repleta de dualidades que se complementam (vida-morte, água-fogo, céu-inframundo...), forças da natureza divinizadas e agraciadas com sacrifícios humanos, calendários que representavam cicos de 52 anos, a estrela de 5 pontas que representa Vênus e simbolizava a fertilidade, e como cada símbolo sempre tinha algum sentido e convergia para um conhecimento maior... (Aninha e Lê, tive várias conversas imaginárias com vocês!!).
Lá pelas duas horas da tarde, quando já estávamos verdes de fome e o cansaço bateu forte, terminou o tour pelo museu e fomos para o bairro de Condessa almoçar. Fomos enganadas pelo taxista, que usava um taximetro que triplicou de valor em menos de 5km...enfim, como nossa moeda aqui vale muuito mais, o prejuízo nao foi mais do que R$10, mas mesmo assim serviu pra gente se espertar. O bairro de Condessa é mega descolado, lembra um pouco a Vila Madalena em SP...almoçamos uma comida muuuito boa, porém nada do "tex mex" típico que esperávamos...essa é uma regiao frequentada pelos moradores de Mex City mesmo, com gastronomia contemporânea e vários restaurantes e barzinhos. Por enquanto ainda nao provamos os pratos mais tipicos mexicanos - estou contando as horas para meu primeiro taco genuinamente mexicano!! :) Ah, ainda segundo o Alejandro, a tortilla é uma verdadeira relíquia antropológica viva, pois é consumida por estas terras há mais de 5 mil anos!! Gracias amigos por esta invençao!! :) A tequila deve ter vindo um pouquinho depois, mas gracias também!! :)))
O dia hoje foi mais light, para descansarmos da viagem...colocamos o papo em dia (muita coisa mudou nas nossas vidas desde a última viagem a 2 anos atrás...e muita coisa nao mudou nada!!rs...) e demos muita risada contando nossos encontros e desencontros dos últimos anos ("claro que tem - sou eu !!" nao podia faltar né...rs...)

Estamos apenas o primeiro dia de viagem, mas já foi um ótimo retorno à estrada!!

Agora vamos descobrir algum lugar pra comer...

Buenas noches!! :)